A invenção de Hugo Cabret
Pula, tempo! Puló tempo perneta
Tique-taque, mas quem te pode ouvir,
Saltando de um relógio ao planeta,
À louca das histórias se exibir?
Que órfão se alimenta de tormentos,
No alto de um relógio bate-bate?...
- Não parem, ó pequenos firmamentos!
A estação ferroviária... tique- taque!...
É como o frio metal, um pai calado!
Tique-taque... O tempo não tem pressa.
Dá-se em futuro ao filho torturado
Que lhe remonta o verbo peça a peça.
Anda, roda! Vai, mundo distendido,
Tributar, às lágrimas, sobras da razão,
O espírito do adeus por si ferido,
Que adoçam a pipoca em minha mão.
Nasce outro tempo!... E a verdade cai!
Tal verdade, no pulsar de um coração,
É a voz de um pobre filho: Fala pai!
Canoas/RS-2012