A Caçada
Amanheceu o dia...
A passarada faz a festa na mata.
Vigilante o caçador fita.
Solta os cães,
Pega o terçado,
Põe o chapéu e abraça a espingarda.
Pica o mato sorrateiro,
Desce as pedras e contorna o lago.
Sereno o caçador vê a garoa
Aljôfar nas veias dasfolhas.
Silenciosamente procura abrigoatrás das árvores.
Do túnel verde quebrando galhos,
Numa diligência louca,
Vem em disparada a Guaribada,
Vem entoando canto,
Vem mãe carregando o filho,
Vem e vão em bandos.
Lá de baixo...
Secretamente o caçador observa com a mira.
Deixa passar o montoeiro,
Quando o último se espanta...
O tiro certeiro.
Que ensurdece a selva;
Cala a alegria,
Entranhando na alma o grito
Selvagem do animal.
Rompendo de veza paz original.
Envolto em sangue;
Envolto em chuva;
Perdendoa força,
O corpo cai,
Desfalece e vem de galho em galho;
Paulatinamente caindo.
Guariba ferida;
Guariba...
No silêncio o caçador marca o local da queda;
Cai caindo no galho,
Sem forças quase entregue a sorte.
A Guariba femea em prantos cultua a morte.
Os cães ladram e o caçador se agita.
Da hora exata ao ledo engano,
Vê-se do bando, dois ou três,
Voltam praacudir a femea.
Carregam-na ainda com vida;
Levam-na embora;
Sob tiros de chumbo;
Sob a ira do caçador do mundo.
O bando envolve a femea em folhas,
Entopem o ferimento de cura.
Mas o chumbo sem sair causa hemorragia.
Femea grávida morre.
Mas os Guaribas,
Levam-na para o interior da mata,
Onde queixadas e onças pintadas,
Esperam o homem,
Se tiver coragem de ir.
Caçador,
Pega o rifle,
Põe na costa e desce outra vez o rio com a cachorrada,
Mata sem dó a capivara na beira da água.