Drama Queen


Ninguém mais pode abrir os braços,
para não ser acusado de plágio
da crucificação do cordeiro.
Então os braços se voltam pra dentro.
Até que se quebrem com o tempo,
e o abraço não seja mais uma opção.
Ninguem mais pode chorar no templo,
para não ofuscar o brilho do afresco,
de quem foi mais convincente nesse ato,
chorou pra dentro e a alma entregou.
Mas não esqueçam que na morte da virgem,
quem compulsoriamente posou,
foi apenas uma prostituta afogada,
de pele esverdeada e pés ultrajantes.
E que no enterro do filho do homem,
quem este corpo envernizado carregou,
foram os homens de pés sujos,
de quem pelas pedras muito andou.


Mas em sua ilusão se erigiu uma igreja.
E tudo o que crê é num deus caucasiano,
que tanto enfeita a casa dos que traem,
quanto poderia estar num editorial da Calvin Klein.


EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 05/04/2012
Reeditado em 05/04/2012
Código do texto: T3596045
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