Sucessão de Descaminhos.

A mãe saiu para ver espíritos. Jura que viu um atravessar a rua.

O pai foi se encontrar com o Gilberto da Funerária, a fim de comer a puta da sua secretária.

A tia Neura Desleal perdeu a cabeça e os dentes num dia desses. Recobrou a consciência apenas no hospital.

Valdir, o filho caçula, fugiu com o Macula, ex-jogador de basquetebol. Mas deixou um bilhete pedindo que não o levassem a mal.

Zeca, o mais velho, virou travesti em Higienópolis, e hoje morre de rir dos habitantes de Pequenópolis.

Pedro Toledo, o avô, perdeu as estribeiras depois que perdeu a cabeça no pós-guerra. Montou um bingo e virou bisavô.

Amarildo, o dono da banca, botou panca, saiu por aí achando que era jogador de futebol e passou a correr o mundo com uma bola nos pés. Outro dia foi preso com uma bola de capotão no momento em que tentava brincar de tabelinha com a vidraça do banco de sangues do Incor. O policial Juvenildo acabou com sua festa quando lhe socou a pança.

Joaquim, o do bar, dizia que todo mundo estava errado e ele, certo. O que Joaquim não sabia era que seu dia acabaria afundado dentro de um bar, sugado por uma prostituta que mal o deixaria respirar.

Amadeu deixou a barba em promessa por ter o pinto erguido depois de vinte e sete anos de recusa. Caiu na farra, bebeu demais e se afogou na rebarba da represa da Barra.

Clementina largou a batina e caiu na farra, tirando a poeira da velha cabeça e abrindo a janela da mente livre.

Elisabete perdeu os seios depois de acender um cigarro, e Dionísio morreu incinerado quando achava que fumava sonhando, mas que na verdade fumava dormindo.

Godofredo, ex-presidente da República das Mamonas, morreu de depressão nove dias após deixar o cargo.

Alberico, que queria tanto ser rico, enlouqueceu depois que ficou sabendo que o salário mínimo seria mantido.

Edu Lobo caiu aos prantos quando soube que não passava de uma gazela. Ademais, a posteriori, ficou bobo pelos cantos, babando sua mazela.

Lais queria ser miss, mas tudo na sua vida não passou do sempre quis.

Bartolomeu falava tanto da vida dos outros que acabou tendo de limpar valas e esgotos.

Eu, que nem sei quem sou, estou aqui relutando se digo ou não amém.

Amém!

SAvok OnAitsirk, 05.04.12.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 05/04/2012
Código do texto: T3596190
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