meu sacrificio

A brisa da lua e o contato das suas mãos frias o medo da névoa que nos rondava me fazia tremer,morbidamente você me carregava como se em mim já não existisse vida...

Mas o cheiro do almíscar em seus cabelos me faziam lembrar das pétalas vermelhas e das alianças que trocamos depois de um pacto secreto de amor...

Onde estará aquele que ao me banhar no rio, sob as estrelas me fez mulher e entregou-me a própria alma?

Ele deitou-me em uma espécie de cama preparada com palha seca,eu não compreendo ainda...E envolto ao meu corpo ainda cansado e estremecido da longa viagem em seus braços todo o tempo sinto a sua presença selado tatuado em mim,quando de repente perdida em meus sonhos e delirios ainda não sei... Percebo o cair de uma gélida lágrima e confundo-me por minha existência...Sinto medo,frio e me pergunto por que merecemos tal sofrimento?

Inutilmente;Sem resposta...emitia todas as juras de amor que recordava-me para tentar consolar meu lorde,que não conseguia me ouvir...E embora estivesse ele chorando o contemplava a beleza e onipotência digna de um rei...Ele não podia ouvir minha tristeza,como uma nevoa de outono calavam minha voz e encobriam-me a alma... Somente eu a podia ouvir...Tornando minha voz em torturantes segundos de inexistência....E somente nesse instante,consigo descobrir-me em meu real estado,desprendendo-me consigo ver meu próprio corpo, e em um verso solo sem minha própria sombra ou algum vestígio de mim...A triste sina da sombra da morte me rondara agora sim percebo,que ao menos por anjos caídos era assistida.E interminente ...a dor infinita da partida e a dor de seguir sem o homem que amo...Ouço ao longe um grito errante de dor ...Pela primeira vez sinto Era meu lorde ha alguns metros de meu sepulcro ajoelhado preparando a tocha que ele acreditava elevar meu espirito aos Deuses.Mas a dor da solidão já corrompia a sua fé e isso afastava-me o ainda mais... Seus Deuses nunca foram meus deuses e isso levou-me a condição que me encontro separada de meu corpo com o coração dominado de amor,porem agora percebo o ferimento que predominava minhas vestes,sonhos pesadelos,vidas passadas tudo passando muito rápido,como vento em chuva de verão e eu já não conseguia sequer interceder na dor que ele sentia ao preparar sozinho o ritual de partida de sua amada... Oh meu amado por que? Se nos prometemos sermos felizes para sempre...(?)

Por instantes incomoda-me os meus pés descalços pois outrora meu senhor calçou-me com puro couro das mais refinadas de onde vinha o homem de meus sonhos,Eram calçados tingidos de carmim como meus lábios que agora mas pareciam mármore e sal... Penso em como estávamos felizes até que ele partira pra suprir nossa dispensa e prometeu retornar em seguida pois não conseguia mais ficar longe de mim... Me lembro do beijo e do cheiro que esse tomava conta das minhas mais fortes lembranças... Ao longe bem ao longe percebo a salamandra e penso triste meu lorde estou a caminho de minha passagem...Nem espiritualmente posso fazer-te compania e sinto-me leve como dançando pra lua. Ele instintivamente acende meu sepulcro que em suas crenças elevaria minha alma mas nós jamais deveríamos ser queimadas e inocentemente ele me oferece como um banquete aos anjos caídos e a maldição de estar longe dele em outras vida ele mesmo nos condena...

Despeço-me entendendo sua dor e inocência e meu lorde ateia fogo em meu corpo e gritando entre soluços oferece-me aos seus deuses e eu sem resistir me deixo ser levada pelos anjos malditos...

Meu amor,meu sacrifício,parte de mim deixo com você...

Claudia Amaral
Enviado por Claudia Amaral em 06/04/2012
Reeditado em 24/02/2014
Código do texto: T3598302
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.