Cinderela

Na meia luz do palco,

Um corpo em exibição,

Fala à língua de sedução,

Aos pontos luminosos

De solidão.

Na dança da noite,

Homens e mulheres,

Veem-se valsando na ilusão.

Aluga-se corpo...

Fala-se, fuma-se e bebe-se,

Na mesa de negociação.

Eu te dou meu corpo;

Tu me pagarás.

Falseia-se sorriso,

Um tom de atenção,

No acorde da musica,

Que a cinderela da dor,

Com a sua beleza expõe em vão.

Frente a frente,

Sem a vergonha da nudez,

Palavras contradizem,

As vezes a ação.

A esperança dá a mão,

A vozde um amor, que é só Ilusão.

Doí nos olhos, enquanto a realidadediz ao coração,

Dobeijo da dor

Com o cheiro criminoso do pecado,

Que se faz depois de conseguir o prazer.

E a sensação vazia, que fica.

Por isso, só volta quem não se permite sair,

E gosta de morrer todos os dias.