Narciso e Eco
(Mahyná Cendon)
Um eco retumba na caverna:
Eu te amo, eu te amo, eu te amo
Falo palavras ao vento.
Mas quem é a que vejo no espelho
Com quem eu tenho de lidar todo dia
Fazer café da manhã e botar pra trabalhar?
Minhas unhas roídas revelam
O que há por trás de meu coração
Uma parte siamesa que falta em mim
Me sinto descolada com as entranhas à mostra
Sinto sua falta, nem sei porquê
Já que você é pedra obtusa e fria.
Vivo da parcimônia
Daqueles que não sabem amar
Esperando o momento
Em que vão cansar de seu joguete de intrigas
E terão a coragem de enfrentar a si mesmos
Sem me usarem como escudo
Me deságuo em travesseiros
Me desmaio em minhas cores
Pálida, mórbida, espero o efeito passar
Até as dúvidas que chovem de meu rosto
Me provando que sim, estou viva
Agora miro raio que reflete no espelho...
Eu me amo, Eu me amo, Eu me amo!