Enxurradas

Cheguei em casa Aloprada

No meu quarto havia inundação

A água descia pelo teto

Minha cama boiando saía do chão

Entrei em profunda depressão

Dei um grito que assombra

Meu quarto com infiltração

Porque não desativaram a bomba

Tomei meia-dúzia de remédios

Achei a vida uma porcaria

Até cogitei pular de um prédio

Mas pensei: de que adiantaria?

E a ótima vida que abandonaria?

Afinal sou jovem e tenho saúde

Fui então fazer o que preferia

Tal qual o bardo com seu alaúde

Não quis rimar poesia com ataúde

Ergui-me e peguei as quinquilharias

Afinal, que é lágrima dentro do açude?

E a sorte de um indivíduo sem suas alegrias?

É nada, se em seu corpo não tem vicissitudes

Quem é da sociedade pega a pena e faz poesia.