1095
1095 dias
mas existiram os de partida
de futebol
picolé, macarrão e tortilla
eu fechava olhos quando ele partia
e só abria quando ele voltava
com palavras novas na boca
decorado o tato de mãos entrelaçadas
a chuva na vidraça
o ninho das pegas
os livros pela sala
a saudade das cores perdidas
o verde e o amarelo
no peito
sempre vermelho
o fim de semana com cheiro de café
o desejo reinventado
talvez mesmo atordoado de tanto querer
e quero mais
delírios
lírios
sabonete líquido
jabuticaba
pitanga
barras de alecrim
agora gostamos dos tons escuros da Teresa
da leveza de Spero
e sempre Clarice e Celan
não sabemos nada das Derrotas das Nações
bastante do capitalismo
que captou nossos discos
e algumas esperanças
mas
de novo é primavera
- a terceira -
toma como flores
essas minhas palavras