O mesmo ponto, de todos os dias.

Cheguei ao ponto de ônibus,

o mesmo ponto, de todos os dias,

e tinha alguém lá, como sempre, como todos os dias.

Um senhor estava lá,

e cheguei-me ao seu lado.

O grande lamento, pelo menos era para ser, como um fruto digno,

pois era cego e surdo - ainda? -

Como uma vítima culpada,

o fogo jaz em seus pés,

jaz, queima, está pronto,

mas ambos não vemos.

Se meu coração visse, meus frutos seriam de súplica e desespero.

Um idoso, sem bengala,

sem boina, sem cachecol,

sem esperança.

Mas ele não sabe,

aliás, será que ele não sabe?

Porém, eu sei,

aliás, será que eu sei?

Esperei, esperamos,

continuei parado, com meu ouvir, e meu olhar,

continuei parado, com meu egoísmo.

Seu ônibus chegou depois de oportunidades,

e ele foi embora.

Eu o deixei ir embora,

sem sequer falar bom dia.

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 24/04/2012
Reeditado em 24/04/2012
Código do texto: T3630711
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