RECIPROCIDADE

( Versão Original)


Às vezes,




Às vezes, Ela se sentava,
Displicentemente, à janela.
Em seu silencio, olhava tudo que lhe vinha lá de fora
E, durante horas, se colocava a escrever e escrever.
 
Às vezes, quando a via assim,
Eu queria tanto e tanto lhe falar,
Mas não sabia como, sem perturbar.
 
De seu silêncio,
Não raro ela me olhava e sorria.
E eu também a olhava e sorria,
Retribuindo a atenção que havia, entre silêncios.
 
Tempos depois ela partiu.
E até hoje eu me sento displicentemente à janela,
Olho tudo que me vem lá de fora,
E me coloco a escrever e escrever
O que o meu silencio
Jamais me deixou lhe dizer
 
É que, revirando as poucas coisas que ela deixou,
Havia uma página escrita
Em que ela dizia
O quanto meu silencio lhe doía
E o tanto e tanto que ela queria me falar,
Mas não sabia como, sem perturbar.
 
E quando olho tudo que me vem lá de fora,
Só sei do modo como ela me olhava e sorria.
E, então, escrevo,
Como ela escrevia,
Para falar do silencio que tanto  doía.
 
 
 
Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 27/04/2012
Reeditado em 28/04/2012
Código do texto: T3636765
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