Pau e pedra

Muito pau muita pedra
até o fim do caminho
a gente cata a sobra
recolhe os restos
inventa uma dobra
dribla uma queda...
é o nó no pingo d'água
na chuva que deságua
e a cumeeira desaba
na cola dessa aba...
é o sapo na garganta
e o bicho se agiganta
e a fome ainda é tanta
na miséria que ainda ronda
as rezas deste mundo
cada vez mais redondo
num oceano mais profundo...
é o sol que cresce
é a terra que aquece
é o gelo que derrete
e esse mar que enlouquece...
pouco peixe muito anzol
pouca luz nesse farol
muito caco de vidro
muito toco
muito dinheiro
prá pouco troco...
e a gente vai levando
num rastejo de cobra
e a gente vai cantando
assoviando a qualquer hora
e a gente vai tomando
essa cachaça e comemora...
o projeto da casa
o pedaço do pão
a promessa de vida
no teu coração...
e a gente ainda agüenta
esse rojão... 


(... ainda bem que tem o Chico e o Tom prá acalmar o coração ...)

versão com foto: "Chico&Tom" da poesia Pau e Pedra publicada em 20/03/2006