Luxo do lixo

Angélica T. Almstadter

Como uma mesa posta

Farta e disposta

Servida nua e crua

Olhos revirados pra lua

Me coloquei na sua desdita

Eu, poeta maldita

Que canto e me desencanto

Me desmancho em pranto

Nas dores que carrego

Do amor que em mim é cego

Amor que me põe na arena

Me tira o chão e me acena

Ao longe com desdém

Porque assim lhe convem

Dar esmolas de afagos

Nos momentos vagos

Minguando na mesa exposta

A carne que se gosta

Perdeu o prazo de validade

Apodreceu de saudade

Virou luxo do lixo

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 06/02/2005
Código do texto: T3637
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