DESENCONTRO

Procurei o poema no silêncio que a noite me entregou

e na manhã do dia seguinte...

não o encontrei

Procurei nos lugares onde o esquecimento é incolor

e as lembranças são de barro

mas não o achei

Saí para tomar um café

e procurei nos olhares

e no timbre das vozes

Perscrutei esquinas vulgares

entre diálogos atrozes

mas não encontrei estrofe, verso ou rima

Pensei mesmo

estar vivendo num mouco mundo de pantomima

por que nada encontrei

Então ao descaso me entreguei

por não achar resquício de poema

ou qualquer que fosse o estratagema

que conotasse

ou pudesse ser esboço

que me indicasse

a expressão de um colosso

literário que pudesse vir a ser um poema

Mas acho que me iludi demais...

Exigi demais dessa procura

e extrapolei a redundância que o permeia

Certamente me enganei, era para ser somente

poesia

lançada pela boca ao vento que me rodeia

e morrer nos ouvidos atentos que tristemente

perceberam que minha busca foi em vão,

pois não havia um poema então

Morpheus