Parte de mim
Sou a dama de cor fria
Mais carvão que diamante
De uma alma tão esguia
Que não há quem se encante
Sou a flor sobre a calçada
Que o vento mal desloca
Murcha, seca, desgastada
Que nenhum olhar a toca
Sou a aranha que sozinha
Tece teias e não cansa
Mesmo quando, pobrezinha,
Perde tudo que alcança
Sou a acne cor da chama
Que quem tira fica marca
E quem deixa se inflama
Sou o caco sobre o chão
Que quem passa se desvia
Ou quem colhe corta a mão