O POMAR DO MUNDO

CONTA-ME FRAMBOESA, A TUA DOR NO POMAR DO MUNDO....

CREIO SER IGUAL A LUZ DA DOR DE TODO O MUNDO.

FLORIR OS VASOS MALTRATADOS E RESSEQUIDOS.

QUE AS GALÁXIAS, IMPIEDOSAS, REJEITARAM...

PINTAR-SE DE PALHAÇO, FANTASMA OU SOLDADO...

OU ENTÃO ACENDER VELAS PARA OS ASTROS.

CONTA-ME FRAMBOESA, ONDE ESTÁ A MACADÂMIA ?

CONTA-ME FRAMBOESA, ONDE ESTÁ A CEREJEIRA ?

CONTA-ME FRAMBOESA ONDE ESTÁ O SÂNDALO ?

FOI TECENDO-SE O MUNDO DE TAL FORMA...

TRAPOS E MAIS TRAPOS NOS ENVOLVENDO...

QUE DEMOROU UM LONGO E DEMASIADO TEMPO...

PARA PERCEBERMOS A NOSSA CONDIÇÃO DE REMENDOS.

CONTA-ME FRAMBOESA, QUE FIM TEVE O CEDRO :

CONTA-ME FRAMBOESA, QUE FINAL TEVE A ARAUCÁRIA?

CONTA-ME FRAMBOESA, ONDE ESTÁ O CARVALHO?

SEJAIS TODOS VÓS FRUTIFEROS E ÚTEIS.

A BELEZA TEM UMA UTILIDADE RELATIVA...

TECEU-SE O MUNDO ASSIM NUM IMENSO FERIMENTO.

ALIVIOS QUE ENTRAM PELAS PEQUENAS FRESTAS....

SUSPIROS QUE ESCAPAM PELAS GAZES...

TUDO QUE ERA HUMANO, FOI EVAPORANDO-SE DO PELOS ARES...

EU TRE TROUXE O ÚLTIMO CAFÉ.

EU TE TIREI A POSSIBILIDADE DE ESPERANÇA;

EU TE DEIXO A JANELA E O SOL...

E NEM MAIS NENHUMA DIVINA LEMBRANÇA...

MAURICIO DE AZEVEDO

POR MENORES