A dor de
              O Meu Cantar!...
 
Às vezes Canto
Para esquecer a minha dor
Às vezes canto e nem sei por que canto!...
Nem ao menos sei
Por que aqui vim parar!
Neste canto que me impede
De cantar o meu livre cantar!...
 
Aqui não faço
O que mais sei fazer...
Voar, voar, voar!...
Aqui o meu canto não ecoa,
Nem atraio com ele o meu par!...
 
Às vezes encosto-me a estas grades
E tento ver ou ouvir alguém cantar...
Sinto-me  só!... Sem esperança de um dia
Poder sobrevoar os campos floridos,
As cachoeiras, lagos e montanhas!...
 
Sem saber, perdi o direito ao viver,
O que me foi concedido
Ao eclodir para vida!...
Sem ter o direito de construir
O meu próprio ninho e assim procriar!...
 
Ainda tem que diga
Que estou aqui por amor!...
Amor humano...
Que gosta de me ouvir cantar!...
Que amor é este?...
Que me impede de voar,
De ser livre e de cantar!...
 
O que fiz para merecer este lugar!...
É incompreensível confinar alguém
E que ainda assim, se espere dele
O seu melhor cantar!...
 
Confine um homem
E espere dele o seu melhor sorriso!...
No mínimo, o desejo dele seria te matar!
Porque esperar de um inocente engaiolado
O seu melhor cantar!...
 
Mesmo triste, ainda sim.
Ele tenta te agradar com lindo cantar!
 
 
    Na gaiola posso ser um passarinho!... Fora dela sou um passarão!                
Voo melhor que avião!... (Francisco Rangel)
 
    Não gosto desse passarinho.  Não gosto de violão.
Não gosto de nada que põe saudades na gente. (João Guimarães Rosa)
 
 
                         Francisco Rangel  -  Russas, 12 de maio de 2012
 

 
   
Francisco Rangel
Enviado por Francisco Rangel em 12/05/2012
Reeditado em 10/10/2012
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