O SIMPLES INFINITO

Desejos sucumbem o raciocínio

Me tornei uma máquina de escrever

Não sinto mais dor nos sentimentos

Mas ainda me incomodo com determinadas coisas

Salto de paraquedas

Flutuo por instantes no ar

Cruzo ondas de rádio

Passo por sinais de televisão

E mesmo assim sou imperceptível

Caio num campo meio verde e cinza

Prefiro ficar no chão

Vou refletindo a vida

Parece que vivi o que comento

Por um instante me esqueço

Que essas palavras não são minhas

Me sinto tomado por uma compulsão,

Faço escolhas indevidas

Mas como ter certeza de uma decisão?

Não há

Existe apenas o vácuo

O simples infinito a nossa frente

O vasto repertório de sim e não,

Apenas um destino

Apenas um

Apenas.

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Extraído do livro: MÁQUINA DO VENTO, disponível para download na seção e-livros.