Adeus ao tempo

Donde será que anda

Aquele muleque

Nem grito nem correria

Nem sombra se quer

Da peste

Ele vinha todo dia

Bate na porta pedino abrigo

Vinha bonito aprumado

Nem largado

Nem mendingo

Tinhoso que ele só

Só fazia o que queria

Mas era bom o quase moço

Só birrava era comigo

Cismava em trancar

Dentro do quarto a vida

Cismava em chorar

Pedindo dengo e comida

Sonhava que ele só

Da cabeça fazia um passarinho

Batia asa que batia

Mas vua memo nem queria

Foi-se em embora dizendo que vortava

Foi embora de atrevido

Falei que aqui não ficava mais

De tanta raiva do menino

Num vejo mais ele não

Mas as vezes da impressão

Que ele vem me visitar

Só não se deixa ver

Com medo de apanhar

Tinha raiva do coitado

Apesar atentado

Era sofrido o danado

Foi-se embora porque cansou

Das macaquices de criança

Deve ter crescido

Acabo criança

Sinto saudade do tal

Ele era tinhoso

Nem fazia mal

E seu riso era gostoso

Deve ta em um luga

Ou talvez em luga nenhum

Acho que quando eu me for

Volto a ve esse menino.

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 17/05/2012
Código do texto: T3672353
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