Visceral
Algo me falta
Todas as madrugadas
Em claro
Um monstro me salta
À mente
E engole
Um amuleto
De posse minha
Um monstro noturno
As altas horas me perturbam
De insanidade
E impaciência
De desprovimento
E de rupturas
Nesses momentos,
Tudo é tão fluido
E ralo
E me escapa
Ao controle
Algo me falta
E parece irrecuperável
E me assola
De desconsolo
É insanável até o sono
E não durmo
Até
Que se torne
Solúvel
Toca-me uma solidão
Profunda
Urram-me as vísceras
Torce-se
Distorce-se
A visão
Tudo turva estorvamente o tempo todo
Uma sensação de pavor
Vaporosa
Porosa
Rosa
Escurecida
E deletéria
No corpo, cansaço e
Desistência
Na alma, torpor e
Lutulência
Só resta
Aguardar, por favor,
Amanhecer