Suavemente ontem...
Tão suave quanto ontem.
Lembro-me nitidamente
Dos ventos singelos de maio aos meus cabelos.
Do beijo suave em minha testa
E da poesia que amava recitar.
E hoje tais versos já não me veem.
Tão raras luas cheias,
Tão raras tuas aparições sem rima,
Assim como os versos que componho sobre tu.
e tão corrente é o tempo.
Ontem eram os sábados a passarem a sorrir.
Ontem...
Ontem era ontem e hoje passou como veludo em tua pele.
Ontem os sonhos eram respirar o amor.
Hoje tal amor está perdido entre as fronteiras
vazias de artérias sensíveis,
tão sensíveis quanto teu toque aos meus cabelos.
Ontem arrancavas-me um sorriso quase tão belo,
Enquanto choravas leites derramados.
Ontem eram como os decimais gêmeos da hora que te recito hoje,
A cada milésimo vira pó.
O que parecia ontem,
guardados estão,
Num lugar tão desleixado,
que só o tempo há de achar.
Lágrimas escapam face abaixo,
Ao hesitar que o ontem jamais será o hoje.
A saudade se encarregará de preencher.
Marinara Sena
23:23
19-05-12