O ninho do poeta
Tudo refloresceu. O filósofo concluiu que não se deve plagiar a eternidade. (A falsa eternidade).Carlos Drummond de Andrade.
Para Carlos Drummond de Andrade(1902 - 1987). (Homenagem ao nascimento do poeta de Itabira).
O ninho do poeta
Estou aqui aboletando-me
enquanto o mundo lá fora
esvai o tempo que poreja
sem perceber que neste cômodo
prosaico, entre mesa e cadeira:
cadeira de balanço, máquina de escrever,
quadros, livros, poemas, sentimentos e solidão.
No ritmo voraz da existência,
fez-se poesia nessa velha mesa ocre.
A vida é meu ninho indômito
meu escritório ferétrico,
minha máquina esta caduca
entre olhos fatigados de palavras
só restou-me cinco anos
nessa poesia sem verniz
entre o catre e o travesseiro.
Estou aqui nesta parolagem
enquanto os versos silenciam-se
no infinito da folha em branco
entre rascunhos, corações,
entre rachaduras, amores,
entre à multiplicidade,
a máquina do tempo engasgou,
na gota de tinta da mesa
perpassam pensamentos,
sensibilidades, passamentos.
Na inefável tragédia presente,
o poeta raspou suas cicatrizes. 05/01/2011.
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