O Sol esta neutro
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Carlos Drummond de Andrade
O sol esta neutro
Sempre os versos nessa confluência
Singram melancólicos entre palavras,
carreando o amor na areia fina
como recantos mornos nos lábios.
Os restos de encontros suaves
na brisa marinha dos olhos
marejam no patético tom.
De ânsia? de dor? de amor?
Sopro incessante.
Os carinhos efêmeros estão feridos,
solenemente gastos pelo tempo.
A fissura solitária da vertigem
ressoa entre beijos recalcitrantes
amputando o chão entre meus pés.
Agora só restou solfejar
na pungente precariedade do desejo
essa áspera saudade do amanhã,
fugaz, o sol encalhou estático.
Erivelton Machado Guimarães
e-mail:erivelton@machadoeguimaraes.com.br