Tela

Tela

As horas passam muito depressa. Posso ouvir o tempo batendo à porta, desajustado, quase calado, sem multiplos corrimãos.

Estava pensando, parada, em muitas encruzilhadas. Meio dia...Meia hora... O tempo passa no rompante do meu peito. Encontrei à luz do candeeiro, algumas cartas... Amarrotadas palavras que diziam tanto e, agora, se calam. Uma flor seca, ainda imaginada nos cabelos.

Há motivos que me lançam à corrente de uma circulação cansada...Um batimento acelerado, mas que não dispara mais os olhos, nem, tampouco, as ações. Uma mentira, deslavada conversa sobre o que não se deseja mais de fato... Muralhas...Pergaminhos...Palavras tão secas quanto as flores que guardo comigo.

Dobrei o coração de papel, mais dobrado ainda; fiz dele o envelope para guardar e lacrar os sentimentos... O baú, ainda aberto, chama pelos cálices que derramei... Uma gruta escura abre as portas para o subjetivo e clássico paladar ferido da Poesia.

Vi, em tela, a imagem que ele deixou para mim... O mar, em movimento, deixa-me calma... ele sabe disso... Não posso caminhar à beira-mar nos próximos tempos... Conto, então, com o carinho em tela, enquanto salgo a face por outros caminhos dos olhos.

Vertigem?... Não... Cansaço e percepção...

Outras vias de dizer o que prendem os pulmões.

15:22