A Colcha

Trago em minh'alma

Os mais belos sonhos.

Aqueles que nos surpreendem

Com um suave sorriso nos lábios

Ao abrirmos os olhos.

Trago os mais doces perfumes.

Eles permanecem nas cartas,

Nas lembranças e nos poros

Mesmo após longo período de abstinência.

Trago as mais belas flores entre os dedos.

Elas enfeitam a vida

E também perfumam o vento

Caso o suave perfume dos poros

Esteja inebriado pelo suor do êxtase,

Após uma bela noite de amor...

Trago sorrisos a enfeitar o rosto.

Trago lágrimas, também.

Elas lavam não só os olhos

Mas cada lembrança tristonha

Que nos ronda os pensares.

Saltito como criança de seis anos.

Ora esqueço das responsabilidades

E deixo-me curtir o momento.

Ora volto à vida adulta

E contenho meus olhares

Mais brilhantes, sem pudores.

Carrego no peito

A doçura do amor.

Algo tão doce

Quanto um doce algodão

Todo colorido, de festa infantil.

Busco no bem

A essência de cada momento

Seja ele recheado por bolos caramelados e prosas longas,

Seja envolto por um copo com água e açúcar

E infindos momentos de reflexão solitária

Algo que só se faz quando

Perdemos as forças

Não mais encontrando o caminho das flores.

Somente sentindo os espinhos

A nos espetar as palmas das mãos.

Caminho ao som de músicas.

Melodias a penetrar

Não só nos ouvidos

Mas nas mais sutis fibras d'alma.

Ouvi-las me faz reinventar momentos

Compartilhar com o vento

Pequeninos pedaços de felicidade.

Navego por águas sem fim.

Por vezes, as vejo sujas, embarreadas.

Noutras, tão límpidas

Que chego a baixar as mãos

E bebê-las, sem medo algum.

Ora anjo, ora demônio.

Ora com uma santidade infinda.

Noutras, envolta no profano, no libidinoso.

Uma miscelânea sem fim

Que faz dos meus sonhos

Retalhos multicoloridos

Da enorme colcha

Denominada viver.

Uma colcha que encobre.

Esfria num primeiro instante.

Porém, esquenta tanto

Que quase chega a fervilhar

Os pensamentos.

Desconectando-os, por fim

E assim nos fazendo

Circundar permeios

Rumo ao que consideramos

O belo, o eterno

E o perfumado.

Mesmo que os demais transeuntes

Não sintam o mesmo perfume

Ao inspirarem-se para a vida...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 26/05/2012
Código do texto: T3689390
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