Dor sem Defesa (Poemania)

Sordade mi mata os pôco

De quando eu jove cabôco

Campiava lá no sertão

No meu cavalo campero

Num tinha gado ligero

Qui eu num lhi passasse as mão

Curria nos matagar

Coitado inté do animar

Qui tivesse im nossa frente

Meu cavalo era insinado

Tinha cumigo um coidado

Mió do que certas gente

O seu nome era Trancoso

Cavalo muito mimoso

Num gosto nem di alembrá

A seca levô meu gado

Meu cavalo e meu roçado

E inté mi ispusô de lá

Hoje eu veve num abalo

Sem terra, gado e cavalo

Mió tivesse eu duente

Eu digo aqui cum certeza

A dor qui num tem defesa

É a dor qui o coração sente.

José Maria de Carvalho
Enviado por José Maria de Carvalho em 30/05/2012
Código do texto: T3695591
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