Dor sem Defesa (Poemania)
Sordade mi mata os pôco
De quando eu jove cabôco
Campiava lá no sertão
No meu cavalo campero
Num tinha gado ligero
Qui eu num lhi passasse as mão
Curria nos matagar
Coitado inté do animar
Qui tivesse im nossa frente
Meu cavalo era insinado
Tinha cumigo um coidado
Mió do que certas gente
O seu nome era Trancoso
Cavalo muito mimoso
Num gosto nem di alembrá
A seca levô meu gado
Meu cavalo e meu roçado
E inté mi ispusô de lá
Hoje eu veve num abalo
Sem terra, gado e cavalo
Mió tivesse eu duente
Eu digo aqui cum certeza
A dor qui num tem defesa
É a dor qui o coração sente.