Há dias...

O tempo tem seus labirintos

E assim os usa para nossa loucura...

Nos insiste em lembrar

De momentos que queremos esquecer,

E nos faz esquecer

Das doces lembranças.

Há momentos em que a alma busca um colo enorme.

E hoje é um desses dias.

Ando em picos depressivos

E isso me torna impossível.

O pranto bate na garganta

E volta, rebelde, à boca do estômago...

Busca sair, vazar

Mas vai e volta,

Escorrendo, afogado, à noitinha

No travesseiro amigo.

Há dias em que qualquer palavra,

Se dita ao contrário,

Nos faz querer voltar para a cama.

Apagar as luzes.

Cobrir as orelhas.

Desligar o celular.

E esperar a tormenta ir embora.

Somos insanos.

Somos ao avesso.

Uma inversão tamanha

Que nos torna bobos, por vezes.

Somos crianças birrentas.

Adolescentes à beira de um ataque.

Adultos sem querermos sê-los!

Quantas responsabilidades nos rondam

E nem mesmo as queremos para nós...

Temos que nos comportar adequado

Mostrar uma felicidade que nem sempre nos acompanha.

Expor sorrisos brancos e falsificados,

Quando realmente queremos mostrar a sinceridade

De um meio sorriso amarelado pelas tormentas da vida.

Devemos ser imunes a setas e provocações.

Afinal, ligar nos pré-condena culpados,

Mesmo que não saibamos do que se trata.

Contudo, uma pergunta ecoa incessante por cada neurônio:

Qual a receita?

Como fazemos para estarmos felizes, a todo momento?

Há que diga

Que devemos viver em oração.

Não obstante, quanto mais vejo rezas

Menos creio no poder da cura.

Outros nos querem fazer crer

Que devemos “fazer o jogo”, “entrar na dança”.

Mas chega uma hora

Em que o jogar torna-se maçante

Algo que irrita e nos tira o prazer

Nos deixando cada vez mais loucos.

Uma loucura que expande-se

Em dias como hoje,

Onde o sol se esconde, tímido, atrás das nuvens.

E o vento sopra bravo

Como que não querendo responder

Qualquer pergunta que seja!

Há dias em que o melhor a ser feito

É puxar o cobertor

E fechar os olhos.

Em busca de sonhos

Que nos elevem, enquanto seres pensantes.

Que nos façam abrir um sorriso

Em meio a tantas lágrimas já derrubadas...

Talvez seja esse um dos ingredientes

Da tão sonhada paz de espírito...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 03/06/2012
Código do texto: T3703469
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