Vertebrada 

 

Abate-me o cansaço profundo

não sei se meus olhos choram

ou apenas lacrimejam

não sei se meu peito reclama

sinto o ar rarefeito

eu prendo dentro de mim

as queixas

 

mas dói-me as costas

dói-me os sonhos

dói-me esse maldito estômago

e as ânsia me faz vomitar

tomo outra capsula e não durmo

dentro de mim sujeira

cigarro, pó...besteira

 

Dói-me tudo desde o queixo

 

A alma é crua e me solta a obturação

do incisivo e já não rio, disfarço

o que falta além do riso.

 

Até hoje à tarde era festa, presente

era ardente a emoção a comoção latente

dos meus dias mais bonitos

 

agora é só névoa densa

é só friagem, dói-me como cólicas

agudas, a nuca, o ventre , os peitos

e eu sou apenas uma coisa triste

em carne e ossos doloridos.

 

 

Cristhina Rangel.

 

 

 

 

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 03/06/2012
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