Caronte


Os mortos já nem sei donde.
O rio devora pretensas saciedades.
O homem, no fim, é o que esconde,
Na superfície do olho, as profundidades.

Todo o bem feito ou pretendido,
Se enclausurou o pássaro ou
Pregou na alma o gemido:
Corta as asas do que não voou.

Cruzas o rio de tua sede mortal.
Lambuzas o olho na alma da morte.
A esperança é a última que morde.

A derradeira queda dizem: é fatal.
Viver eternamente não é o casual,
Se paga com a vida, quem morre.

Poemas Mal_Ditos
Julio Urrutiaga Almada
Enviado por Julio Urrutiaga Almada em 05/02/2007
Reeditado em 30/10/2007
Código do texto: T370377
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