ENTRELINHAS

Entrelinho nos meus versos

Sentimentos

Que não suporto

Ver dispersos

Digo só o que digo

O resto fica aqui

Neste meu porto de abrigo

Que não esqueço

Até que sinta ser

O que pensas que mereço...

Nem sempre sou directo...

Desenho ângulos obtusos...

Procuro por detrás

Da paisagem...

Muito mais do que a imagem

Que me dás.

Os rostos que pinto

Com as palavras que tenho

Não podem ser confusos...

Podem mudar as longitudes

Do que sinto

Das latitudes...

Não fujo!

Não preciso fujir,

Nem quero sentir-me sujo...

Podem mudar o horário,

Baralhar os fusos,

Podem, até, ler-me ao contrário...

Encontrarão no cenário,

Que me apetecer construir,

Os triângulos que não fiz!

Troco, naturalmente,

A recta

Pela bissetriz

Das minhas atitudes...

Das virtudes

Não sou eu que hei-de falar

Se as tiver

Não estão sózinhas

Nas linhas que não escrever,

Nos quadros que não pintar

Na mulher que sei amar

Nas entrelinhas

__________________Ressoa

In "POEMAR" Hugin Editores ano 2000 - www.joaomoutinho.com

Pode ouvir aí os poemas ditos pelo

ressoa
Enviado por ressoa em 24/07/2005
Código do texto: T37205