Sopro de saudade
Como Clarice sempre disse:
“estranho mesmo é sentir saudade do que nunca se viveu”.
E se viveu, não viveu direito.
E se amou, não amou doce.
E se sorriu, faltou encanto.
E se gostou, faltou pele,
Cheiro, cor, gosto...
Mas se sentiu saudade algo tocou.
Alguma forma, alguma cor, algum cheiro,
algum sussurro.
O profano mesmo é quando se sente.
Quando se cala,
Quando se tem azedo,
Quando se mistura o doce com salgado,
Quando os batimentos aceleram,
Quando os sorrisos se distraem,
Quando os olhares se desejam.
A saudade é mesmo assim,
Vem como as ondas do mar que lavam as almas,
e quando tal alma vaga,
desencanta,
E se vai como o sopro que vem dos céus,
Vento.
Por que não aquietas?
É apenas um acalanto sopro da saudade
que te sorriu e foi embora.
Marinara Sena
23:20 pm
13/06/12