INSÔNIA.

Insônia não é fogo, não é desejo, não é rima.

É a antítese do avesso, a devassidade convertida

É o fogo do desejo apagado pela cobiça.

Não é mel, não cabe no breu e não se explica.

Avança o retrocesso, ah! Que coisa descabida,

Mal se poe o sol já dá sinais de vida.

Insônia é torneira que sangra, pinga-pinga

É maldição, é a distorção de uma delícia

é café gelado e cigarro sem nicotina

É a vontade que nem se sabe qual a sina

é berço das olheiras matutinas

é um composto sanguíneo - insoneglobulina.