AS ESCARPAS...O AMOR ...E A LUA...
A luz lança sua luz sobre as escarpas de milhões de anos,
Rochas duras e insensíveis.
Sombras se formam, com contornos fantasmagóricos,
arrepiando e confundindo minha mente...
Ouço um uivo, ou grito, no centro da noite,
o medo é inafastável, a dúvida certa...
Se você está aqui...por que não aparece ?
Mais ao longe, ouço o barulho do mar, as ondas da rebentação
lapidando as pedras,
o furor do seu encontro, contrasta com minha melancolia.
Lembro-me, cinco minutos atrás, o cérebro estava relaxado,
o corpo inerte, eu meditava...
Súbito, o vento começou a soprar mais forte,
e meus ouvidos captaram um leve murmúrio na noite,
como se meu nome fosse pronunciado por uma centena de vozes,
e, no entanto, só uma se fizesse ouvir.
o sobressalto que se seguiu, foi minha ação,
levantei-me e vasculhei a noite estranha.
Através do vidro da janela...
Abri a porta e sai ao relento, ao vento,
as vozes já não mais eram ouvidas,
mas o espectro de mistério que me envolvia,
continuava no ar,
havia algo a incomodar-me, não sabia o que, mas estava lá
em algum lugar.
Lá, além das areias, talvez nas águas frias,
ou antes, nas pedras, não sabia...
Roguei uma prece, segui a esmo, até as escarpas.
Lá, eu a vi...
Vocês está tão linda hoje...
Por que não veio tomar um chá comigo ? sussurrei...
Entre realidade e fantasia, seus braços abertos,
seus lábios sedentos... Meu beijo ?
O que mais ela poderia querer ?
Chego à beira do abismo e observo o mar,
sob meus pés ele se une à terra,
fazem amor com estardalhaço, porém sem mágoa, sem medo...
Ela está tão linda esta noite...
Por que negá-la ?
Me atiro no vazio, me agarro em seus braços,
nos envolvemos no espaço e sucumbimos no devaneio,
o corpo voa sem asas.
Lá emcima a lua começa e se esconder,
talvez por vergonha, por entre uma nuvem ingrata,
que veio apagar a luz.
Não saem lágrimas de meus olhos,
tampouco há tristeza em meu coração,
há sim, esperança...
No vôo noturno para os seus braços...
Mas...por que você não me segurou ???