Ecos nº LXXXV

Gus
Nas noites, que passei, ao pé da cama,
Abstraído dos meus desejos, mais puros,
Entre ela e eu – dormiam firmes, seguros,
Paciência e zelo, que só sente quem ama.

Revela o fogo, que me arde em completo,
Por luz direta, toda a beleza que me espera,
O bem querer, a superar-me, à afoita fera,
Que doce recosta a admirar-me o afeto.

Como me entrego, quando estou eu contigo,
Até dos sonhos, que acordo, suado,
Que se é pena dá-me, pois, sempre o castigo.

De despertar, todo dia ao teu lado,
De te cobrir, lentamente, em abrigo,
E envelhecer, esvaecendo calado.


Eco
Nas noites zelosas ao pé da cama debruçado
Calmo e ameno ia o sono desta que velavas,
Pois em teu zelo andava o meu sonho enfeitado,
E nenhum medo ou tempestade o abalava.

Se aqui tens luz direta, que fala de beleza
É que se acende em tua estrela
E a chama que te arde é siamesa
Desta mesma que me toma por inteira

Pois se é pena esse entregar-se
Virá do azul celeste e abençoada
E terá sido a ambos decretada.

Que despertar ao teu lado me engrandece
E tanto amo a fera que tu tens aí, guardada,
Quanto bendigo o admirar-te sem dizer mais nada.