Que saibas de mim...


Que saibas de mim, se tua alma ainda não me vê:
Antes de ti, já era bem volumoso o meu dossiê
de loucuras por amor, podes crer!
Mil poemas, serenatas e porres, conversas com estrelas,
Ah! Tantas loucuras, como posso todas dizê-las?

Meu passaporte lírico tem carimbos demais:
Pelas frias madrugadas já sonhei meus madrigais,
escorrendo em sonetos os meus ais;
varei noites falando com tais estrelas...
(Porque só quem ama é capaz de ouvi-las e entendê-las...)

Já escrevi bilhetes tolos, ridículos documentos,
e esperei as respostas impossíveis, em noites de tormentos...
E dava telefonemas, altas madrugadas, pedindo acalentos
para estremunhadas e irritadas damas:
“Tu ainda me amas? Tu ainda me amas?...

Poderia agora sorrir, piedoso de mim, ao revelar
esses desvarios por amor do passado... Mas, ironizar
de quê, se ainda hoje corro na chuva para chegar
mais rápido ao encontro de um sonho de bem-querer
que, sendo sonho, não vem e nunca diz por quê?...

Que saibas que, quando o espelho, tempos atrás,
mostrou as minhas rugas de amor, de falta de paz,
eu prometi, solene: "Amar, nunca mais!"
Tempo que não foi curto, mas que terminou assim
que os teus olhos sorriram para mim...
Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 21/06/2012
Reeditado em 21/06/2012
Código do texto: T3736577
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