Auto Retrato

Tenho lá um jeito tímido

De falar

De gesticular e sorrir

Tenho um jeito leve

De tocar

De olhar

Tenho um jeito

De simplesmente

Ouvir uma canção

E viver (de novo) o momento

Que a música marcou no passado

Tenho lá um jeito calado

De ver a vida

De esperar a ferida cicatrizar e recomeçar depois

Tenho um jeito sonolento

De fazer amor

De reclamar

Tenho um jeito

De constantemente

Olhar para o horizonte

E ter a certeza

De que posso ir cada vez mais longe daqui

Tenho lá um jeito malvado

De dizer “eu te amo”

De iludir com palavras doces

Tenho um jeito maquiavélico

De sorrir

De falar a verdade ou de mentir

Tenho um jeito

De transcender

As expectativas

De quem espera de mim

Aquilo que simplesmente deixei de ser há muito tempo

Tenho lá um jeito engraçado

De dar risada

De contar piada

Tenho um jeito desengonçado

De vestir

De andar

Tenho meu jeito estranho

De ver o pôr da lua

Quando todos esperam o sol nascer

Numa quase manhã de um céu cheio de estrelas

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 27/06/2012
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3747886