SOBRE ROSAS E MULHERES

Por não pertencer a um jardim

será a rosa menos rosa?

É o jardim quem dá vida a rosa?

Ou um jardim só será jardim

se nele existirem flores,

inclusive rosas?

Para as rosas os jardins não são necessários

pois sendo flor possuem existência própria.

Há rosas sem jardins, as rosas silvestres

sobre montes e no meio das matas,

mas rosas por excelência,

e como rosas seguem por toda existência.

As borboletas chegam e vão;

os colibris chegam e vão;

as abelhas chegam e vão;

o sol;

a chuva;

o orvalho...

Cada um chegando e partindo

leva traços das rosas silvestres

deixando também com elas

o que elas deles necessitam...

Essa é a existência das rosas silvestres...

E o que dizer sobre as rosas das estufas?

bem cuidadas, cultivadas com esmero

em imponentes canteiros adubados

mas de vida efêmera,

pois destinadas a fins comerciais

vão,

prematuramente colhidas,

enfeitar por instantes,

ambientes estranhos,

distantes...

E o que dizer das mulheres,

rosas silvestres,

que possuem planos,

sonhos,

esperanças,

lágrimas,

alegrias e tristezas?

Então há rosas para jardins e estufas

e rosas sem jardins,

não menos rosas que as primeiras,

pois são para a natureza e a vida...

Assim também há mulheres,

amadas mulheres que povoam sonhos,

alimentam planos,

fortalecem esperanças

originam devaneios e poesia.

Benditas mulheres que, como rosas silvestres

agrestes e naturais,

seguem vida a fora

em suas existências de “rosas-mulheres”

para as borboletas, os colibris, as abelhas,

o sol, a chuva, a brisa e o orvalho,

povoando sonhos, alimentando planos,

fortalecendo esperanças,

originando devaneios e poesia.

Benditas sejam as mulheres, rosas escolhidas.

Benditas sejam as rosas-mulheres acolhidas.

Benditas sejam todas as mulheres,

mesmo aquelas, como rosas de estufas,

prematuramente colhidas...