Dizem

Dizem que sou alma.

E talvez estejam certos.

Talvez minh’alma seja sim

O reflexo de pequeninas fagulhas de felicidade.

Ora envoltas por doce chocolate,

Derretido na boca.

Noutras, cobertas por açúcar cristal

A nos adoçar não só a pele, o sangue.

Mas, cada momento de ternura.

Ternura necessária para que consigamos respirar,

Mesmo por entre densas nuvens de fumaça turva e acinzentada.

Talvez seja eu alma.

Carrego no peito cada segundo, de cada lembrança,

De cada vida encarnada.

Por vezes, lembro-me de míseros detalhes.

Coisa pequenina a me preencher a solidão.

Por vezes, busco as respostas

Para cada incógnita dentro de mim.

E, talvez, por não encontrá-las,

Jogo-as ao vento.

Jogo-as com tamanha força e violência

Que quase as posso sentir gemer.

Um gemido sôfrego, solitário.

Quisera eu realmente as possuir entre meus dedos, meus lábios.

Minhas doces ou amargas lembranças.

Saberia ser luz, a todo instante.

Saberia decifrar os pensamentos alheios

Ao meu favor, ou ao meu desdém.

Saberia explicar.

Saberia contar com detalhes.

Saberia cantarolar canções de felicitar

A quem quer que as ouçam.

Saberia expor com purpurina

As receitas de felicidade.

Dizem que sou alma.

E talvez estejam certos.

Uma alma velha.

Atormentada docemente por quem quer que queira comigo

Caminhar, cantarolar e adocicar as dores do mundo,

Enquanto me for permitido fazê-lo.

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 04/07/2012
Código do texto: T3760137
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