CREIO QUE DORMES
CREIO QUE DORMES
Creio que dormes
corpo esquecido no leito
Cerrados, os olhos sonham.
O ventre liso sobedesce, frágil ninho.
Penso que, quando dormes
sejas de novo criança
estremecendo nas trovoadas
visitando os quintais da infância.
Penso que dormes
indefesa na sexta-louca
Tenho vontade de apanhar tuas mãos
entre as minhas, aquecê-las. Carinho.
Afagar teus cabelos
Os dedos acompanhando contornos
O desenho dos seios
A maciez do pescoço
No conforto do ventre, demora-se
o bastante para conter um suspiro.
Fulgem pelos, lábios e umidades:
desejo. O toque final evito.
Movido por carinho imenso
atrair teu corpo ao meu peito
traduzindo em terno abraço
o que a mobília da palavra não pode direito.
Creio que dormes
Sem querer adormeço.