DESTERPENAÇÃO

DESTERPENAÇÃO

Rompam-se cofres, baús,

Caixinhas de segredos.

Mostrem-se, mistérios

Dogmas, noturnas e medo.

Esconda-se. Que morra o velho.

Tinjam-se os rostos com cores

Vivas e ornamentem-se;

Nova energia no cansaço

Magia de ilusão inebriante.

A firmeza e eternidade do aço.

Rompam alvoradas, elos

Algemas da vida obrigatória.

Caem os cabelos bem devagar

Depois, as esperanças despencam sem glória.

O novo surge de qualquer lugar.

Perdem os homens o sentido

O olfato, visão, audição;

Esquecem-se de fatos vividos

Caminham meio sem direção.

A obrigação dos anos havidos.

Erguestes a perna querendo caminhar

Quando não havia passos.

Buscastes emoções antigas para lembrar

Quando eras todo esquecimento.

Na barba, a brancura encontra-se atenta.

Tipo estranho. Tropeçastes em montanhas

Pequenas quedas não te molestaram

O fogo extinto em tuas entranhas

Não te preocupava. Não te importavas.

Agora, tropeças nos próprios passos e te espantas.

A juventude partiu

A lembrança partiu

O amor partiu

O ódio partiu

O desejo partiu

És um homem em cinco partes distintas que se despedem.

Uma lágrima exige passagem

entre olhos e cataratas.