O ideal é ser sóbrio com algumas recaídas de vez em quando.


O baile corre solto
.Samba, forró e vanerão.
Casais em êxtase.
O som com volume descomedido.
A cerveja quente.
O chão de tábuas irregulares.
Os pés variando botas, sandálias e chinelas
Cigarro.
Mais um traçado.
E o estilo exuberante dos casais,
Rodam e giram.
Uns compenetrados,
Outros às gargalhadas.
Uma Coca Cola que explode.
Mais um Cuba querido?
Outro cigarro.
Na mesa de plástico encharcada
Azeitonas e salaminho.
Os palitos espetados.
Mais uma bem gelada.
A banda silencia!
Dançarinos se recolhem às mesas.
Mais um cigarro.
Um conhaque p´ra rebater.
A cadeira de plástico se quebra.
Olhos varrem o ambiente,
Som de gaita e violão.
A banda ataca um tango.
Levanto-me, ajeito as partes,
E corto o salão.
A dama do outro lado se me oferece.
Levanta os seios.
Beijo sua mão,
Enlaço sua cintura,
E dançamos, bailamos
O tango no melhor estilo.
Calamos os presentes.
Inebriados ignoramos os aplausos.
Esta merece outro conhaque.
Mais um cigarro.
O lenço encharcado
Passa pela testa vaidosa.
Outra cerveja quente.
Urinar fora do vaso,
Jogar papel no chão.
Uma delícia
Romper com as regras,
Ser alguém por hoje
Que não serei amanhã.
Noite que segue
Num banco de automóvel,
Com a dançarina.
Ou seria a garçonete ?
Mais um conhaque amor?
Outro cigarro.
O vento fresco da madrugada
Anunciando a ressaca moral.
Uma latinha gelada.
Adoro estas recaídas de vez em quando.
Onde estão os meus cigarros?
Daria tempo para a saideira?

Humberto Bley Menezes
Enviado por Humberto Bley Menezes em 10/02/2007
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