ECOS

ECOS

p/CB

Ecoam nas saudades tuas palavras:

incognoscível infortúnio a idade

que tive de senhor do mundo

quando perdem-se as rédeas

bridão, restando apenas as crinas

para manter-se sobre esse alazão.

Tuas notícias chegam pelo ar

empolgadas pelo comercial

da Ana Paulo Arósio.

Passeio dentro de mim

em leves sorrisos

lembrando de ti

lembrando o que o tempo permite

o que a distância não desfez.

Como é feliz

o tempo que consegue

transformar saudade em bem-querer

nesses tempos de cruzadas anglo-americanas

nessas épocas sem segredo

de Lua já pisada

de Marte à vista.

Talvez eu nunca mais decifre nada

que existem satélites à espreita

arapongas nas escutas

e esses certeiros Scuds

Mas, mesmo nessa miscelânea

consigo sorrir como quem levita

ao ouvir tuas palavras na Panasonic

até me esquecendo do diário Rivotril.

Nada direi que possa ferir esse carinho

esse afago que sua voz me causa

nos males d'alma

Nada direi, que as palavras

são reles instrumentos

para lapidar sentimentos

terminando por confundir

fundo e forma, lobo e cordeiro

Às vezes não tenho coragem

de responder teus recados

que nem tudo vale a pena

para quem tem alma pequena

nesses dias de grandes mercados

luminosos shoppings

sombras fugindo das pessoas

Silencio na São Sebastião:

um homem sorri sózinho

como soe aos loucos, aos tolos

aos que se cobrem com afagos

e dormem sossegados

sabendo que além dos olhos

além da distância

além do tempo

fica a felicidade de saber

que nunca ricochetearão n'algum

sofrimento as tuas falas