ELEGIA A PHLEBAS, THE PHOENICIAN
ELEGIA A PHLEBAS, THE PHOENICIAN
Phlebas the phoenician, a fortnight dead
Forgot the cry of gulls and the deep sea swell
And the profit and loss.
A current under sea
Picked his bonés in whispers, As he rose and feel
He passed the stages of his age and youth
Entering the wirepool.
Gentile or jew
O you who turn well and look the windward
Consider Phlebas, who was once handsome and tall
as you. (T.S. Elliot)
HAPPY NEW YEAR
Happy new year brother Lennon!
Happy new year brother Martin ‘ King!
O rio estrugia
Com força profunda e parda:
Todos os rios correm como se estáticos
Sem metas. Aqui a grandeza da natureza
É estátua enorme, movimente.
Peixes satisfeitos vagam seus
Olhos paralíticos
Nestas águas
Onde se banhavam os entrevados
Na esperança de regressarem ao mundo
Dos móveis e infelizes.
Happy new year brother Martin ! King!
Happy new year brother lennnon!
Término dos tempos repletos de trabalhos
Incompletos (nada será eterno, irmãos!)
Vejam, as gaivotas retiram alimento do mar
São solidárias e perfeitas por si só.
Fim dos homens aos retalhos
Expostos com suas costas lanhadas
A solidão das gaivotas, e sua perfeição
Não presta aos homens
Por serem eles escombros.
Happy new year brothers!
Os pés brancos dos pescadores, molhados,
Suportam corpos morenos, almas tisnadas.
Olhos crus vigiam o horizonte.
As gaivotas pescam.
O homem caça os peixes e aos homens
Nas armadilhas das redes.
Happy new year.
No fundo deste rio, tão distante do mar
Tão vazio dos pescadores matinais
Brota uma lua rouca
Dormolente dentro de um cesto de piche.
Nestas paragens, lua não há.
Mas vem até aqui a forte impressão
De mar e luz e de abismos
Clamando e acalentando um fenício
Morto há tempo tanto aqui.
Nesta terra os mortos são bons.
Tão bons que não atrapalham nada.
Não pedem pão aos vivos
Nem tempo perdido com
rezas, velas ou cantorias.
Nossos mortos, atracadiço,
Não nos ocupam lugares na estrada.
São bons por isso, apenas por isso.
Happy new year, men!
Meia-noite, camarada pluvial.
É tempo novo, d’outros marinheiros
(agora eles não têm mar ou verde,
Esmeraldino olhar. São olhos aquosos
os com que olham, com que relembram
Velhos tempos, outros dias de cais
Tumultuados e impuríssimas marias
deitadas em camas desarrumadas e tristes.
Longe do mar, perderam-se-lhes as profissões,
A de fé e a de ofício)
Meia-noite, homem-calado.
Olha, naquela margem o ypê flora.
É tempo.
Novo dia já desponta, virgem horizonte.
É tempo.
Ajudai-me, companheiro, a içar este corpo
Inchado, encharcado (morada de peixes
Seus olhos são) que esqueceu tesouros e sedas.
Happy new year river man. It’s midnight.
Abraço vossos corpos, Lennnnnnnonnnn, King, Phlebas.
Meu rosto roça as peles putrefáceas
Que se desfazem ao contato.
Não sei porque vim, qual a razão.
Apenas os pés se cansaram do chão
Pedregoso do ser tão vazio dos homens
Ásperas são aquelas paragens, Irmãos!
Eis porque cheguei ao fundo deste rio:
Another day is coming. Happy new year.
I
Ouvi, Mercador, o canto das aldeãs
Na noite de festa. Ouve...
Sentes o timbre rouco das mulheres?
Por certo, hoje se refestelarão com seus homens.
Estarão enlambuzadas ao amanhecer
Os ventre repletos.
Vê as luzes acesas? Observa as mesas:
As mais finas iguarias
Os mais árduos condimentos que pode a terra
Prover
E nós aqui, no outro lado do rio,
Os pés descalços, testas perladas de suor.
Que noite, homem, que noite!
As estrelas festejam no céu, também,
Algum acontecimento, esse, divino.
Ah, esta cantoria...
As mulheres, tão loiras e tão distantes...
Mas, a que invejas
Se não te servem mais as riquezas?
Inúteis te são as sedas, ser desfazejo.
Inúteis te são os suspirares de desejo.
Teu corpo não mais comporta emoção humana;
Sequer te humilha o deslize da honra!
Tu, agora, és como as especiarias
Que se perderam no fundo do rio,
De valor apenas rico em lembrança.
II
Phlebas, as luzes vão se apagando.
Aos poucos, as mulheres são cansadas.
A beleza das mulheres se esvai na noite,
Dura apenas uma festa;
Os homens já não conseguem erguer as pernas
Para outra dança.
Que som é este?
Será algum dos festejantes
Já recordando o que teve fim recente?
Ah, ser putrefacto, é um negro.
Vê! Ele toca oboé!
Como soa estranho o oboé na noite.
Parece lamurio de escravo
Recordando a África onipresente.
Tão doce instrumento
E tão cruel.
Ou serão os meus ouvidos, senhor?
III
O negro é estranho com seu oboé.
Não te soa melancólico?
Será que chora a despedida da noiva
Posto estar o dia se esvaindo
Ou sonhará glórias?
Quem sabe o que pensa ou sonha um homem
Quando sofre?
Será seu nome Petrus?
Chama-lo-ei Petrus:
Concreto como as pedras soa o oboé.
Embora seja o som dos tristes,
A música dos infelizes.
IV
Vamos caminhando, Afogado.
Caminhemos por estas margens
Enquanto o dia se prepara para nascer,
Experimentando mil paramentos
Adornado de todas as cores
Necessárias ao rito.
A roupa se me pega ao corpo
Feito outra pele.
O suor me desespera:
É como nódoa, urgente
De ser lavada.
O suor dos atormentados.
V
A noite já se despede,
Ser monstruoso.
Observa o dia a raiar.
Estão a soltar fogos na outra margem.
Festejam o cio da natureza.
A festa ainda se prolongará
Por dois sóis e suas luas.
As mulheres se banham em óleos e sais.
Os homens envergam os mais belos trajes.
A terra cede os mais saborosos frutos.
A natureza cede suas mais belas horas.
As mulheres são mais férteis,
Os homens mais orgulhosos.
A terra comemora.
A natureza faz seus milagres
De multiplicação (de homens e pão)
VI
Vê, já voltam todos à golgança.
Pouco descansaram. Nem precisam,
Envolvidos que estão por essa
Alquimia de alegria e fertilidade.
Como podem estar alegres nesta hora
Quando há guerra ao longe
E, se aprontarmos bem os ouvidos,
Ouviremos os estampidos dos canhões?
Ah, Amigo, como podemos ser tão vazios?
VII
Ouve as palmas e as danças
O bater dos pés.
Quanto de vinho terão bebido?
Deus, como estou sedento!
O negro não descansa!
Como pode continuar a tocar oboé
Sob sol tão cruel?
Que energia que força brio. Que aço!
VIII
Ter percebo cansado, Navegante.
Será por acaso o sol?
Tens necessidade de repouco...
Compreendo.
Tuas carnes já cheiram mal, Afogado,
Que horrível!
Na certa de sentirás melhor
Soterrado sob essas águas
Barrentas, ó submerso!
Vá-te, então.
Cede teus olhos para morada dos peixes.
Repousa teu corpo no limo dessas profundezas.
Ficas a ver as fortunas perdidas.
A mergulhares tuas mãos em pedras e pratarias,
A rir, Fenício. Ficas a rir, Sarcástico,
Comemorando com outros fantasmas afogados
Acompanhantes, teus, o acontecimento divino
De nada mais ser preciso:
Nenhum ouro jade prata esmeralda
Nada é preciso.
Encaminha-te às profundezas, Fenício!