ESPERA

ESPERA

Se vens às quatro

Às três já sinto falta.

Se hoje não podes vir,

Melhor o dia não existir.

Se ouço ruído no corredor

Dispara o coração, ansioso.

Que química será essa

Que te trazes a todas as conversas?

Que avaria nos neurônios?

Que descontrole nos hormônios?

Os olhos se fecham autônomos

Deleitando-se em puro sonho.

Os braços se acham, pressurosos

Premeditando o seio gostoso.

Abro janelas, espanto fantasmas

Luz sol chuva em minhas câmaras.

Quem é aquela que vem radiante?

É a amada que reconhece o amante.

Quem é aquele que vibra na chegada?

É o amado ao reconhecer a amada.

O que resta é puro. Dou-t’o e sorves.