ESPERANÇA

ESPERANÇA

Caminhamos pelas ruas de

São Sebastião do Rio de Janeiro

Em pleno dia da promissão.

Os rostos suados, olhos tristes

Mãos operárias, testas pagãs.

Andamos onde as pernas nos levam.

Pelas ruas de vidro percebemos

Olhos úmidos que vigiam:

São os nossos olhos

Refletidos nas teias que observam:

Tímidos.

Nos mendigos do centro da cidade

Percebe-se a perda dos sonhos

E desdém pelo que os cerca.

Em suas mãos, copos cheios

Denunciam corpos vazios

De expressão, de idéias

De expressão.

Caminhamos pela Praça XV

A ver iguais

O verde infecto

As ruas, que dantes foram mar

Enfeitadas de escamas de peixe

A rebrilhar no negro asfalto

Em chamas.

Procuramos surpresas e vivemos

A rotina: nossa aventura maior

À qual dedicamos por inteiro

Os dias, a vida inteira

Padecendo de cansaço e olheiras

De um amor noturno e repentino.

As pessoas correm, às pressas

Em busca de seus ofícios

Para matar a fome do amor

Que em casa trabalha

Cercada pelos rebentos.

Em cada olho vê-se a esperança

Nos faiscares verde-amarelos

No dia da promissão

Dia de salvação

Eleição

Colégio Eleitoral.