Leviatã portátil




Imponho, pois. Esse reino é meu.
Estão os santos sob minhas botas,
está o estado em minha mão direita.
Homem, pois. Tú es um fraco.
Escravo tolo da paixão humana,
fazendo a guerra pois tua natureza grita.
Então isso é poema, torpe.
E nesse estado que não se encontra físico,
construiu-se a fortificação.
Que é o gigante feito de minhas trapaças,
uma versão melhor, de mim,
em cujo centro, se assenta ao trono,
minha despótica escrita que não poupa ninguém.
Não tenho pena de ninguém.
Todos matar-se-ão,
caso em minhas mãos não tome a consciência:
homens são fracos e matam para viver,
deuses são falhos, sem o sacerdote para lhes traduzir.
Dou às metáforas a ilusão da liberdade,
dou aos falsos a ilusão do engano.
Se pensa este gigante adormecido que sou tolo,
digo que sobre ele tenho o controle dos arreios,
e influencio seu pensamento para que, no futuro,
não se canibalize como deselegante selvagem.
Nessa concha que chamei de pensamento,
eu sou Deus, estado e massa de adoração.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 08/07/2012
Código do texto: T3767306
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