Cheiros do mundo...

Euna Britto de Oliveira

Da árvore de pau-brasil

Retiro um ramo.

Macero algumas folhas minúsculas entre os dedos

E sinto o cheiro dessa árvore.

Esse mesmo deve ter sido o gesto

De alguns portugueses,

Há 500 anos,

Ao se aportarem nas novas terras descobertas...

Pois quem resiste à curiosidade

Quanto à possibilidade de um cheiro novo?

O cheiro do pau-brasil

E o de todas as plantas e árvores

Não mudam nunca!...

A História tem cheiro próprio

Temperos puros

Muralhas e muros.

A Matemática tem números-primos e resultados exatos.

A Imprensa tem boatos.

Quanto a mim, tenho um modo próprio de olhar

A partir de cada novo patamar.

Abaixo de Deus,

É esse olhar que me liberta...

Sei que estou certa!

Vou vendo cada casa construída ficando deserta

E cada deserto sumindo em flores!...

Permeando tudo,

De todas as plantas,

Os odores...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 10/02/2007
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