Significado e significante





Por quanto tempo ficará soterrado,
aquilo que está semi-morto sob os pés,
fingindo sua inexistência para o mundo,
e surgindo todas as vezes que os olhos se cobrem?
O que resolve flutuar sobre o caos,
se o ar está solidificado,
se o que se é, é apenas um anoréxico retrato,
em terno listrado e sorriso ligeiramente forçado?

As respostas estão em minhas mãos:
São o livro e a espada, ambos a palavra.
A guerra está sobre minha cabeça,
na forma de gigantes sem rosto,
cujo fio das lâminas eu pressinto
com o deslocamento do ar que passa.

Construiram uma fortificação de diorama
para guardar toda mágoa e frustração,
mas o que é o passado senão a impertinência?
O que é o mal acabado, senão a persistência?
É por isso que sempre meu túmulo será São Paulo,
onde nascem e sofrem todas as histórias,
sejam elas de Belo Horizonte, Buenos Aires ou do purgatório.

Achincalhe a palavra do profeta,
e os símbolos o impedirão de dormir.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 09/07/2012
Código do texto: T3768432
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