A ILHA
A ILHA
p/Elis
Quando dissestes que partirias
que irias para longe
senti-me triste feito uma ilha
dessas, perdidas no oceano
que sequer sabemos o nome.
Quando dizes que partirás
tudo o que era um se desmembra
se parte, se quebra
e nada volta a ser como antes
a não ser a tristeza de saber
que podes, um dia, partir
sair poraí, pés de vento,
sem endereço, sem presença
concreta, deixando-me feito ilha deserta
onde não chegam as notícias dos homens.
Quando falastes - palavras mansas-
que viajarias para não-sei-onde
senti-me só, feito aquela ilha
onde morrem os pássaros quando
partem as asas e podam-se-lhes as esperanças
de um dia, novamente, voar
subir aos céus, beijar o sol
alcançar as nuvens do claro dia
Dormir no mais alto das árvores
aguardando mais de perto o amanhecer
Por tuas palavras, tornei-me feito essa ilha
que vigia, eternamente
em busca de alguém que a visite, entenda
descubra, seja sua amiga
para que ela se abra e fale de sua agonia:
uma amiga que partiu
pés ligeiros, sem endereço
deixando-a triste e só, sem bússola
sem retas, metas, pare-prossigas.
A ilha serei eu, se partires
inesquecível amiga.