Espelho dos Meus Olhos

De manso, a aurora despe o meu olhar

Lânguido, o sol deita-se sobre as buganvílias

E em feixes de luz silaba todas as cores

Ainda desconhecidas pelo amanhecer

Cantam os pássaros no ipê

Florescendo o buquê da sinfonia

Que desperta os sons da vida

O tempo leva-me pelas mãos

E todos os silêncios eloquentes

Revelam os sentidos dos meus gestos

Os propósitos de todas as coisas

Tomas-me os caminhos dos pensamentos

A minha saudade te procura

E tudo em mim é prenúncio de ti

A seda adamascada dos meus anseios

O perfume da minha pele

A suave insinuação da entrega

No espelho dos meus olhos

A tua imagem acaricia-me os sonhos

E o desdobrar das vontades incontidas

Adivinham-se em meus lábios

As palavras que tu me dirás

Alça-me todo o afeto possível

O delírio, o doce desatino de saber-me tua

O corpo lasso posseiro da saudade

Beijos que se ocultam em véus de suspiros

Glacês de carícias que me tocam os desejos...

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 11/02/2007
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T377367